Wednesday, February 4, 2009

Mensagem para o meu vizinho de baixo

Quando, no passado mês de Agosto, vim morar para este apartamento foi-me dito que neste prédio só moravam personalidades VIP (leia-se very important people). Até agora ainda não tive o prazer de conhecer nenhuma dessas personalidades. No entanto, conheço muitas personalidades VIPP (leia-se very important psychiatric pathology).

Comecemos pelos meus vizinhos de cima. A senhora gosta muito de sapatos de salto altos. Não a condeno por isso. Eu também gosto. Apenas não faço questão de andar a martelar constantemente no tecto do vizinho de baixo com os meus saltos altos. Essa mesma senhora também gosta muito de bater portas, a qualquer hora do dia. Acho que por isto já posso condená-la, o que por si só não serve de nada.

O filho da vizinha do lado tem, por sua vez, uns problemas comportamentais com consumos de "coisas". Por outro lado, gosta muito de falar alto e em francês ao telemóvel numa clara manifestação de cultura geral de alto nível. Só é pena que intercale o francês fluente com caralhadas bem portuguesas e desagradáveis para os meus ouvidos. Já a vizinha do lado é uma querida e não tem culpa destas coisas. O filho incomoda um bocado mas tolera-se.

Passemos ao meu vizinho de baixo. Aqui tenho que perder um pouco mais de tempo para descrever este filho da puta. Eu podia tentar arranjar um adjectivo para o caracterizar mas de facto não consigo. Só um valente filho da puta me vem bater à porta à 1h da manhã porque acha que eu faço muito barulho. Tendo em conta que eu e os restantes habitantes da casa nos encontrávamos a dormir, só posso concluir que respiro muito alto. Ah não!, também não posso concluir isso porque o filho da puta afirma veementemente que eu estava a arrastar cadeiras e a bater portas.
Não contente com isto, ainda tem o desplante de tocar à campainha da porta do prédio às 6h da manhã até que alguém levante o auscultador e pergunte "quem é?". É então que ele foge. Portanto, além de filho da puta é um cobardolas.
Quando há uma discussão conjugal no prédio, a culpa também é minha. Eu e a minha irmã somos na realidade um casal, apesar de nenhuma nós ter um pénis. Ora...uma discussão conjugal é um óptimo motivo para se bater com a vassoura no tecto do alegado casal, ou seja, no meu tecto.
Este senhor tem uma lista de queixas muito extensa e possivelmente imaginária. Senão vejamos:

1. Ele afirma saber o meu horário de trabalho. Isto é fantástico porque nem eu própria o sei. Talvez porque não tenho horário fixo e os estágios vão variando ao longo do ano. Mas o meu vizinho de baixo é dotado de poderes sobrenaturais. Não duvido!

2. Eu acordo a filha dele 4 vezes por semana, em média.

3. Eu sou responsável por todo o barulho que ele ouve quando está em casa e também por todo o barulho que se ouve no prédio. Já tentei explicar-lhe que ele próprio faz barulho, discute com a mulher e tem dois cães num apartamente exíguo que ladram quando lhes apetece. Não adiantou nada.

4. Eu não posso receber visitas em casa, muito menos pessoas que usem sapatos de sola. Amigas com saltos altos: nem pensar!

5. Eu devia mudar o soalho da casa.

6. Eu devia insonorizar a casa.

Não contente com isto, ameaça acordar-me todos os dias a meio da noite. Já fui à polícia e tentei apresentar queixa mas o senhor polícia, confiante na instituição que representa, diz que não vale a pena.

Não é preciso ser médico para notar aqui alguns traços obsessivos. O meu vizinho de baixo sofre claramente de patologia psiquiátrica grave, a chamada doença obsessivo-compulsiva, e que lhe deve causar muita ansiedade e sofrimento. Isto já para não falar de uma possível esquizofrenia com delírio persecutório e alucinações auditivas.

Segundo a Wikipedia uma obsessão é é um pensamento fixo, recorrente, intrusivo, e geralmente de caráter absurdo; costuma gerar angústia; quando grave, a pessoa somente consegue libertar-se com ajuda profissional.

Portanto, caríssimo vizinho de baixo aqui lhe deixo um desejo e um conselho profissional:

- Vá-se foder;

- Procure um psiquiatra dos bons,

respectivamente.

2 comments:

Just_did_it said...

Primeiro passo, verificar que não ressonas, pode ser isso, com um bocadinho de colocação do tom pode soar a uma cadeira a arrastar...
Depois, devias questionar-te se o tal vizinho não engraçou contigo e isso é so um motivo para meter conversa, porque ameaçar acordar-te a meio da noite... maroto!

Tou a ver que continuas com o teu habitual azar nos sitios que moras :S devias ponderar ir para uma moradia, ao menos não tens gente parva em redor!

Beijo

Summer said...

Mas tu pensas o quê???!!! Que toda a gente é rica como tu? Seu maroto! ;)

Já estás na casinha nova? Espero um convite para jantar. Não tens desculpas porque eu sei que cozinhas bem... Beijo***